O aumento de preços nas farmácias é necessário para manter margens de lucro estáveis e um negócio saudável, mas o que pesa mais na decisão? Listamos 6 fatores principais!
O objetivo do empresário é vender mais e com preços competitivos, gerando o máximo de lucratividade possível. Nesse sentido, o aumento de preços nas farmácias gera um forte impacto na decisão de compra do consumidor e na quantidade da demanda.
Todo ano, o governo estipula novos limites para a precificação de medicamentos, por meio da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).
Mas o que causa esse aumento de preços nas farmácias? Neste artigo, vamos entender fatores importantes que alteram a precificação de medicamentos nas farmácias e podem diminuir a demanda na cesta de compras!
1. Alta da inflação nos produtos
A alta da inflação é um dos principais fatores para o aumento de preços nas farmácias. Os medicamentos passam por reajustes anuais do IPCA, normalmente definidos em abril para as margens máximas de vendas.
Para o cálculo desse índice, a produção de matéria-prima e o poder da moeda nacional perante importações e exportações têm grande influência. O preço dos insumos é calculado com base nas taxas de câmbio, geralmente em dólar. Com o Real passando por altas consideráveis após a pandemia, tivemos reajuste de preços em níveis recordes.
Outros fatores avaliados pela CMED para realizar o cálculo da inflação são os ganhos futuros de produtividade (fator X), o ajuste de preços entre setores (fator Y) e intra setores (fator Z).
Veja também:Precificação: O que é, como calcular, estratégias e mais
2. Aumento de custos fixos
Se os insumos afetam o aumento de preços nas farmácias e influenciam os índices da inflação, o repasse de custos fixos também pode ser um problema. Aqui, a gestão de preços das farmácias depende de fatores como o transporte de produtos, aluguel dos espaços e consumo de água e luz.
A crise hídrica no Brasil em 2021 pesou bastante a conta de energia do consumidor, inclusive para os comerciantes. Foi registrada a maior estiagem em 91 anos e o governo chegou até a criar novas tarifas de cobrança na conta de luz, com o patamar 2 da bandeira vermelha.
Já o transporte de produtos foi bastante afetado pelo aumento de preços nos combustíveis. O contexto da guerra entre Ucrânia e Rússia prejudicou a exportação de petróleo e causou a alta na gasolina. A Rússia é o segundo maior produtor e exportador de petróleo do mundo e, devido às sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia, o fornecimento ficou mais escasso, provocando a alta em todo o mundo.
3. Quantidade de estoque
A quantidade de estoques de produtos e sua relação com a demanda também são elementos fundamentais para o aumento de preços. Com a falta de insumos para a produção, os estoques de medicamentos podem ficar menores, entrando na lei de oferta e demanda.
O conceito de elasticidade-preço da demanda também se relaciona com a quantidade de estoque, onde o sell in e o sell out apontam quais medicamentos podem ser vendidos com preços mais caros sem afetar a demanda. A estratégia de precificação pode seguir conforme os medicamentos de maior saída ou mesmo com promoções para produtos próximos do vencimento.
4. Aumento de preços na concorrência
Quando há um aumento de custos, as farmácias não conseguem segurar preços baixos por muito tempo. Assim, quando um concorrente começa a aumentar os preços, os demais se sentem mais confortáveis para seguir o movimento.
No setor farmacêutico, leva-se bastante em conta a precificação de produtos no vizinho. Normalmente, quem dita as regras é o líder regional, que influencia os demais comerciantes locais.
A competitividade também impacta o próprio governo ao estabelecer as novas tabelas para reajuste de preços. Os produtos de maior concorrência ficam mais flexíveis para que as farmácias possam trabalhar a precificação, enquanto aqueles de menor concorrência são tabelados de forma estratégica para evitar abusos ao consumidor.
Veja o vídeo abaixo para entender um pouco mais sobre análise de concorrência e precificação:
5. Sazonalidade
É importante também avaliar a influência da sazonalidade para o aumento de preços dos medicamentos. Descontos e promoções tendem a ser mais frequentes quando a demanda por um produto é maior. Porém, a alta procura pode afetar o abastecimento de produtos.
A pandemia elevou a procura por medicamentos como analgésicos e antigripais, cuja demanda já é mais comum no inverno. A vitamina C também é mais consumida nos meses mais frios, no intuito de aumentar a imunidade.
Dessa forma, a sazonalidade relaciona tanto épocas específicas do ano como eventos inesperados que aumentam o consumo de determinado produto. Mas é também uma questão econômica. O próprio reajuste de preços do IPCA é um fator sazonal, já que ocorre sempre no mesmo período (abril).
Além disso, a produção de insumos para fabricação de remédios pode ter mais impulso de acordo com as estações. Assim, alguns produtos naturais têm cultivo ou colheita determinada pelas condições climáticas, afetam os custos de produção em épocas menos favoráveis.
Por fim, datas festivas podem ajudar a proliferar doenças, crescendo o consumo de medicamentos para combater os sintomas relacionados.
6. Redução de poder de compra do consumidor
A redução do poder de compra do consumidor é um dos fatores mais desafiadores para a manutenção da lucratividade nas farmácias, assim como em outros setores do varejo.
Quando o consumidor enfrenta dificuldades financeiras, seja por conta do desemprego, redução de renda ou aumento dos custos de vida, o reflexo imediato é uma diminuição no consumo de bens e serviços.
No caso das farmácias, esse cenário pode ser ainda mais delicado, já que muitos medicamentos são considerados itens essenciais, e o consumidor pode acabar priorizando apenas os mais necessários, deixando de lado outras compras.
Esse contexto foi amplamente observado durante a pandemia de COVID-19 e na crise inflacionária subsequente no Brasil.
A perda de empregos e a queda na renda média das famílias brasileiras resultaram em um achatamento do poder aquisitivo, forçando os consumidores a fazerem escolhas mais rígidas e a priorizarem o básico.
Como consequência, as farmácias viram a demanda por produtos diminuir, especialmente aqueles considerados não essenciais, como vitaminas, cosméticos, e outros itens de bem-estar.
Para compensar a redução nas vendas, as farmácias muitas vezes se veem obrigadas a aumentar os preços dos produtos, buscando manter a margem de lucro necessária para a sustentabilidade do negócio.
No entanto, esse aumento de preços pode gerar um efeito perverso: com o consumidor já fragilizado economicamente, ele pode se ver ainda mais impossibilitado de adquirir medicamentos, criando um ciclo de retração no consumo.
Além disso, a redução do poder de compra tende a afetar de maneira desigual diferentes segmentos da população. As classes mais baixas, que já possuem menos recursos disponíveis, são as que mais sofrem, o que pode levar a uma exclusão ainda maior no acesso a medicamentos essenciais.
Esse fator aumenta a responsabilidade das farmácias em buscarem alternativas para amenizar os impactos negativos, como por exemplo, promover descontos, parcerias com programas de benefícios governamentais ou privados, e otimizar a gestão de estoques para evitar desperdícios e perdas financeiras.
Outro aspecto relevante é a necessidade de as farmácias investirem em estratégias de comunicação e marketing que sejam sensíveis a essa realidade.
Entender as necessidades do consumidor e oferecer soluções personalizadas pode ser um diferencial importante para manter a fidelidade dos clientes, mesmo em tempos de crise.
Conclusão
Concluindo, o aumento de preços nas farmácias é um fenômeno inevitável, impulsionado por uma combinação complexa de fatores como a inflação, o aumento de custos operacionais, a dinâmica de oferta e demanda, e as oscilações sazonais.
Cada um desses elementos exerce uma pressão significativa sobre a precificação dos medicamentos, exigindo que os gestores do setor farmacêutico estejam sempre atentos e preparados para ajustar suas estratégias de precificação.
Apesar dos desafios, é possível mitigar os impactos negativos e até mesmo transformar essas circunstâncias em oportunidades.
Implementar uma gestão de preços inteligente, que leve em consideração tanto os custos internos quanto às condições de mercado, é fundamental para manter a competitividade e garantir a sustentabilidade do negócio.
Assim, as farmácias podem continuar a oferecer produtos acessíveis aos consumidores, mesmo diante das adversidades econômicas.
O importante é que as farmácias adotem uma abordagem proativa, utilizando ferramentas de inteligência de mercado e dados precisos para navegar pelas complexidades do reajuste de preços.
Dessa forma, elas podem não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente econômico em constante mudança.
Para ajudar nesse objetivo, a Proffer oferece um modelo de gestão de preços que identifica o preço ideal para cada produto em cada loja, conforme variáveis personalizadas. Quer saber mais sobre nossas soluções? Entre em contato!
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