O Preço Máximo ao Consumidor (PMC) é um dos pilares da precificação no mercado farmacêutico brasileiro, mas ainda gera dúvidas sobre como utilizá-lo de forma estratégica. Embora seja amplamente conhecido, o PMC vai muito além de ser um teto regulatório: ele é uma ferramenta que pode direcionar decisões comerciais e aumentar a competitividade de sua farmácia. Neste artigo, você descobrirá como o PMC afeta suas estratégias de precificação, quais erros evitar e como utilizá-lo para alavancar seus resultados.
O que é o pmc e por que ele é importante?
O PMC é o limite máximo que as farmácias podem cobrar dos consumidores por medicamentos. Ele é estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) com base em uma fórmula que considera diversos fatores, como custos de fabricação, impostos e câmbio. A regulamentação do PMC tem como objetivo evitar abusos de preços e garantir acesso à saúde para toda a população.
Por mais que seja definido como um teto, o PMC é uma referência que exige uma análise detalhada para ser incorporada à estratégia de precificação de forma eficaz.
Classificação e Precificação de Medicamentos no Brasil
Com o intuito de esclarecer melhor, as autoridades governamentais dividiram os fármacos em três categorias, nomeadas como: Lista Aprovada, Reprovada e Neutra.
- A Lista Aprovada engloba os medicamentos isentos de PIS/COFINS em toda a cadeia de distribuição.
- A Lista Reprovada refere-se aos casos em que apenas a indústria é responsável pelo pagamento total de 12% de PIS/COFINS sobre o valor de venda.
- Já a Lista Neutra envolve situações em que todos os participantes da cadeia têm créditos e débitos de PIS/COFINS, tanto na compra quanto na venda.
Mas afinal, como se calcula o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) com base nesses impostos?
O PMC é determinado pela divisão do Preço de Fábrica (PF) por fatores constantes, conforme a tabela abaixo, considerando as alíquotas de ICMS praticadas e a lista correspondente. É importante notar que apenas as farmácias e drogarias aplicam o PMC, enquanto os fabricantes utilizam o Preço de Fábrica (PF).
Para identificar em qual lista o medicamento se enquadra, é necessário consultar fontes especializadas de preços, sendo essa classificação definida antes da comercialização pelo Governo Federal.
Suponhamos que uma farmácia situada em São Paulo esteja comercializando um medicamento genérico. Considerando uma alíquota estadual de ICMS de 12%, precisamos verificar o Preço de Fábrica (PF) e sua inclusão na lista pertinente. Se esse medicamento estiver na Lista Neutra, com um PF de R$15 e um valor-base de 0,850332, o cálculo do
PMC seria o seguinte:
PMC = (PF / Valor-base da tabela) = 15,00 / 0,850332
Portanto, o Preço Máximo ao Consumidor seria aproximadamente R$17,63.
Veja também: Tudo que você precisa saber sobre preços de medicamentos no Brasil
Impactos do PMC na precificação em farmácias
1. Limitação de Margens de Lucro
O PMC estabelece um limite superior para os preços, o que significa que, mesmo em regiões onde o consumidor pode aceitar preços mais altos, sua farmácia não pode ultrapassá-lo. Por isso, o controle dos custos operacionais, a negociação com fornecedores e o volume de vendas tornam-se fundamentais para manter a lucratividade dentro dessa margem.
2. Concorrência Agressiva
Com o PMC publicamente disponível, muitos consumidores pesquisam preços em farmácias concorrentes e plataformas online antes de tomar uma decisão. Isso pressiona as farmácias a oferecer preços competitivos, muitas vezes abaixo do PMC. Dessa forma, entender os preços praticados no mercado é indispensável.
3. Promoções e Programas de Desconto
O PMC também impacta como você planeja promoções e descontos. Campanhas com preços promocionais podem ser uma ótima maneira de atrair consumidores, mas precisam ser cuidadosamente calculadas para não comprometer a margem. Programas de descontos vinculados a laboratórios ou associações também utilizam o PMC como base para oferecer medicamentos a preços reduzidos.
4. Influência na Reputação da Farmácia
Uma farmácia que pratica preços muito próximos ao PMC pode ser vista como “cara” pelos consumidores, especialmente em mercados altamente competitivos. Por outro lado, preços muito baixos podem transmitir a ideia de baixa qualidade ou gerar desconfiança. Encontrar o equilíbrio certo é essencial.
Estratégias para otimizar o uso do PMC
A chave para utilizar o PMC a seu favor é incorporar inteligência e análise de mercado na sua precificação. Confira algumas estratégias práticas:
1. Monitore a Concorrência Constantemente
O preço que seus concorrentes praticam para medicamentos regulamentados é um dado crucial. Plataformas de inteligência de preços, como a Proffer Monitoramento IA, permitem acompanhar os valores cobrados na sua região em tempo real. Assim, você pode ajustar seus preços para se manter competitivo e atrativo.
2. Analise o Perfil do Seu Consumidor
A percepção de preço pode variar de acordo com o perfil do consumidor. Farmácias localizadas em bairros com maior poder aquisitivo, por exemplo, podem trabalhar com estratégias diferentes de desconto em relação a regiões mais populares. O PMC é o mesmo para todos, mas o comportamento do público muda, e entender essas nuances é essencial.
Quer entender um pouco mais sobre descontos? Então assista o vídeo abaixo:
3. Negocie Melhor com os Fornecedores
Suas margens de lucro estão diretamente ligadas ao custo de aquisição dos produtos. Negociar melhores condições de compra com distribuidores e laboratórios pode ser o diferencial que permitirá trabalhar com preços mais competitivos em relação ao PMC sem sacrificar sua rentabilidade.
4. Invista em Promoções Inteligentes
Promoções baseadas no PMC podem ajudar a gerar tráfego na sua farmácia, especialmente para medicamentos de alta procura. Por exemplo, um desconto agressivo em um medicamento essencial pode atrair clientes, que acabam comprando outros produtos não promocionais, aumentando o ticket médio.
5. Utilize o PMC como Ferramenta Educacional
Sua equipe de atendimento pode usar o PMC como um diferencial de vendas. Informar ao cliente que o preço praticado está bem abaixo do PMC pode reforçar a sensação de economia e transparência, além de aumentar a confiança na sua farmácia.
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Erros comuns na precificação baseada no PMC
Mesmo sabendo da importância do PMC, muitos gestores cometem erros que prejudicam suas estratégias. Confira os principais deslizes:
- Ignorar o PMC no Planejamento de Preços: Embora seja um teto, o PMC deve ser usado como referência. Ignorá-lo pode resultar em preços desalinhados ao mercado.
- Focar Apenas no Preço: É essencial oferecer um mix de valor, que inclui bom atendimento, disponibilidade de medicamentos e programas de fidelidade. Apenas reduzir preços não é suficiente para conquistar e reter clientes.
- Não Utilizar Dados para Decisões: A precificação baseada apenas na intuição ou no histórico de vendas pode ser ineficaz. Dados de mercado e ferramentas analíticas devem embasar as decisões.
O PMC na era das farmácias digitais
Com a digitalização do setor farmacêutico, o PMC tornou-se ainda mais visível para o consumidor. Plataformas online, como marketplaces de medicamentos e aplicativos de comparação de preços, permitem que os clientes acessem informações sobre o PMC e os preços praticados por diferentes farmácias em segundos.
Nesse cenário, farmácias que investem em inteligência de preços têm uma vantagem significativa. Além de garantir que seus preços sejam competitivos, essas ferramentas ajudam a criar campanhas de marketing direcionadas e atraentes.
Conclusão: transforme o PMC em um aliado estratégico
O PMC é muito mais do que uma simples regulação: ele é uma bússola que orienta as estratégias de precificação no setor farmacêutico. Para transformar esse limite em uma vantagem competitiva, sua farmácia precisa investir em inteligência de mercado, estratégias promocionais bem planejadas e no entendimento profundo do comportamento do consumidor.
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